domingo, 22 de março de 2009

Ferramentas de pesquisa intencional de informação enquanto ferramentas cognitivas Jonassen Capitulo 9

Neste capítulo “Ferramentas de pesquisa intencional de informação enquanto ferramentas cognitivas”, o autor defende que as ferramentas cognitivas, auxiliam os alunos, aquando da construção do conhecimento, a compreender melhor a informação. São, por isso, ferramentas de construção de significados.
O autor defende que a World Wide Web é uma ajuda preciosa na aprendizagem se os alunos a pesquisarem de modo a suprir uma necessidade de informação. A intenção de satisfazer essa necessidade direcciona a aprendizagem, mediante suportes na pesquisa informática. As ferramentas e os métodos são, por isso, alvos de atenção por parte de Jonassen.
Por WWW entende-se um sistema de hipertexto global com recursos a textos, a multimédia e a hiperligações. Ted Turner pretendia um hipertexto que englobasse todo o conhecimento mundial (Xanadu). De certo modo, a World Wide Web corresponde a essa pretensão já que se trata de um hipertexto a nível mundial.
Com o desenvolvimento dos computadores e microprocessadores a WWW está a tornar-se uma enorme base de conhecimento hipermédia.
Um problema identificado é que os alunos ao utilizarem o hipertexto perdem-se no hiperespaço através das variadíssimas hiperligações possíveis, perdendo o objectivo de aprendizagem, não compreendendo também o que descobrem.
Então, por detrás da Internet, tem de estar intencionalidade. A pesquisa deve ser focalizada no sentido de ir construindo significados.
As ferramentas e métodos descritos neste capítulo de Jonassen são três: navegação social, motores de busca e agentes inteligentes.
Trata-se de navegação social quando existe indirecta ou directamente a intervenção dos utilizadores da informação. Enquanto a navegação social directa tem a ver com um grupo de indivíduos com interesses comuns que partilham ideias e recursos; a indirecta, tem a ver com os percursos de utilização de um dado grupo de utilizadores, contadores de visitas que informam as frequências de acesso à informação.
Existem várias modalidades nas comunidades discursivas, desde serviços que apoiam grupos de discussão com interesses específicos até milhares de salas de chat, de domínios multiutilizador (MUD), e destes orientados para um objectivo específico (MOO) que ligam uma imensa comunidade de utilizadores. Verifica-se, ainda, a construção de páginas cheias de hiperligações para tópicos de interesse, devidamente seleccionadas e avaliadas para certas comunidades e pessoas que pesquisam na Web, como é o caso das tecnologias educativas.
Dieberger (1997) preocupou-se com a criação de locais de navegação social que definem os tipos de interacção social que ocorrem no seu interior. Daí, ter construído o Juggler, um cliente baseado no HyperCard que liga os alunos a um MOO. Estes navegam no MOO, encontrando a informação e recursos em salas diferentes. Sempre que o Juggler encontra um URL acede, automaticamente, a essa página da WWW e carrega-a para o programa de navegação do Netscape.
O Juggler também permite ao utilizador, definir ou assumir diferentes personagens, o que permite a qualquer um ser automaticamente direccionado para a pagina dessa personagem, sempre que se encontra na MOO.
Relativamente, aos motores de busca, sendo a World Wide Web, uma enorme base de dados de informação sem estrutura ou organização e contendo informação relevante mas também irrelevante, torna-se fundamental, encontrar a informação necessário ao utilizador.
O recurso aos motores de busca é uma preciosa ajuda para encontrar os sites adequados. O motor de busca é constituído por uma base de dados na WWW, as ferramentas da base de dados. Por vezes, confundem-se directórios com motores de busca.
Os directórios como o Yahoo são bases de dados numa estrutura hierárquica; a classificação dos itens é feita por categorias assuntos (tal como acontece numa livraria) que, por sua vez, permitem a ligação a vários sites da Web; com acesso à visualização de imagens, à explicação de conteúdos e onde os mesmos podem ser encontrados.
Os sites incluídos são analisados por utilizadores que a seguir os agrupam nas categorias devidas. Daí, a facilidade em encontrar informação na Web.
Qualquer pessoa, pode incluir uma página Web num directório. Basta que envie um pedido ao directório em que sugere a categoria desejada. A página é examinada pelas pessoas que trabalham no directório, que decidem a sua inclusão ou não, assim como a sua classificação. Como se trata de um processo moroso e trabalhoso, apenas uma pequena parte dos sítios figura nos directórios.
Para uma pesquisa mais aprofundada é necessário um motor de busca. Estes são bases de dados mas a sua compilação é feita por programas informáticos, não existindo qualquer avaliação humana das páginas nem a estrutura hierárquica que acontece nos directórios. Exemplos de motores de busca: Alta Vista, HotBot e Lycos.
Cada um destes motores trabalha em programas designados por robôs (spiders ou crawlsers) que viajam pela Internet, com acesso a páginas Web, com hiperligação e informação sobre cada página visitada. Estas informações estão organizadas numa base de dados para estarem facilmente acessíveis.
Os robôs possuem diferentes velocidades, pesquisando em todo o texto de uma página Web, outros os títulos, outros incluem o código oculto da página na informação que recolhem. É também o robô que segue a hiperligação de outras páginas que já conhece. Por isso, as páginas listadas por cada motor de busca podem ser diferentes.
Basta uma palavra ou frase que o motor de busca faz a ligação a vários sítios que contêm essa palavra ou frase.
O funcionamento de cada motor de busca difere em forma, em ordenação de relevância, podendo alterar a sua estrutura e potencialidades. Não existe qualquer avaliação humana dos sítios da Web que possibilite a separação entre os conceitos pesquisados, traduzindo-se pela simples correspondência de séries de letras.
Segundo Jonassen, os motores de busca são uma ferramenta cognitiva porque promovem o pensamento reflexivo, pois leva a que o aluno avalie e reflicta sobre a informação encontrada., envolvendo um longo ciclo de pesquisa.
A utilização de um motor de busca conduz ao objectivo previamente seleccionado na pesquisa, mas também a outros, que vão surgindo, sequencialmente, na pesquisa e que despertem outras atenções e enfoques, através de hiperligações a outros sitos
Quanto aos agentes inteligentes, programas informáticos que operam como agentes prestam ajuda aos alunos, porque filtram e avaliam a utilidade da informação, transmitindo só a informação necessária. Aqueles, regularmente, verificam os recursos, identificando e resumindo a informação relevante ao aluno.
Existem vários agentes inteligentes: os agentes autónomos (executam e monitorizam actividades do utilizador), o “meeting scheduler” (agenda de reuniões) os agentes de recolha (seleccionam vários métodos para procurar a informação mais relevante).
Estes agentes inteligentes são também uma ferramenta cognitiva porque possuem inteligência. O utilizador controla os objectivos e as acções do agente, mas delega com responsabilidade nos agentes a sua representação.
O Web Browser Intelligent Agent (Webby) adiciona a inteligência do agente a um navegador, tornando possível que os utilizadores recordem onde estiveram na Web e aquilo que encontraram. O Webby recorda qualquer palavra, assimilando as preferências e os padrões de pesquisa do utilizador.
O knowledge Utility (KnU) recolhe e gere de um modo inteligente a informação. Possibilita interligações de diferentes conhecimentos interdisciplinares.
O correio electrónico é outra grande fonte de informação. Recorre à inteligência acente em regras, para categorizar e agir sobre as mensagens.
Os agentes inteligentes aligeiram o trabalho do aluno de modo independente, com a informação de que o trabalho está finalizado. O maior interesse intelectual é que o aluno reflicta e articule as necessidades de informação de modo compreensível, criando uma parceria intelectual entre a tecnologia e o utilizador.
O treino da utilização de pesquisas intencionais na sala de aula obedece a etapas fundamentais: o estabelecimento de um plano (ex: que objectivos de aprendizagem quero atingir?); a utilização de ferramentas ou estratégias para pesquisar a WWW (ex: a estrutura e as funções dos motores de busca);a avaliação da utilidade da informação; a utilização de fontes secundárias; a avaliação da informação de forma crítica; a recolha da informação e a utilização para o fim pretendido e a menção da autoria; a reflexão dos alunos sobre a actividade.
A pesquisa intencional por ser intencional faz apelo ao pensamento crítico, criativo e complexo, sobretudo, quando se relaciona com a avaliação da informação. Mas, sem conhecer a natureza das intenções da pesquisa é difícil de saber as competências invocadas. As competências de análise, também, devem ser utilizadas pois os agentes inteligentes transferem para o computador quase todas as competências de pensamento crítico, conferindo àquele, actividade cognitiva.
A navegação social e os motores de busca servem-se de competências de síntese no processamento da pesquisa. Não são quase necessárias competências de pensamento complexo para a pesquisa intencional, pois esta é baseada em regras.
Assim, a pesquisa intencional é um meio para alcançar um fim. Trata-se de um processo importante que os alunos utilizam para os ajudar a construir as suas bases de conhecimento, pelo que apoia outras ferramentas cognitivas.
O autor julgou útil considerar o computador um facilitador no processo de construção do conhecimento. As ferramentas de pesquisa intencional de informação são, portanto, um auxiliar precioso para os alunos encontrarem a informação que precisam para melhor representarem as suas ideias.
Conclui-se que, relativamente às pesquisas intencionais:
A idade e a capacidade dos alunos podem tornar a pesquisa mais eficaz.
As pesquisas intencionais proporcionam uma enorme quantidade de informação.
Apoiam a construção de significados quando respondem às necessidades de informação dos alunos.
No entanto, as pesquisas intencionais, têm limitações: as diferenças entre os vários motores de busca podem não ser facilmente aprendidas; os diferentes motores de busca estão a tentar tornar a pesquisa mais simples, podendo tornar o pensamento do aluno menos complexo; não representar o conhecimento como as outras ferramentas; e, não podem ser acumulativas, não há hipótese de guardar e voltar a visualizar uma pesquisa em si.
O que torna a navegação social, os motores de busca e os agentes inteligentes ferramentas cognitivas é o facto de responderem a um objectivo intencional para responder a uma necessidade de informação e a ferramenta representar uma forma de pensamento.

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