domingo, 22 de março de 2009

O que são ferramentas cognitivas? Jonassen Capitulo 1

Para melhor entender a temática das ferramentas cognitivas, fiz a leitura dos capítulos 1, 2 e 9 da obra de Jonassen.
Na Introdução, Jonassen refere, objectivamente, a temática do livro, a utilização dos computadores como apoio à aprendizagem significativa, propondo o abandono das abordagens tradicionais da utilização dos computadores na sala de aula.
Afirma que os alunos aprendem significativamente, pelas actividades propostas pelos computadores ou pelos professores, ou seja, aquando da representação que fazem do que lhes é ensinado e produzido através de diferentes ferramentas cognitivas, o aluno pensa.
O autor entende por ferramentas cognitivas, as aplicações informáticas que exigem um modo de pensar adequado, no sentido dos alunos representarem o que sabem.
As utilizações mais eficazes dos computadores são: para aceder a informação e interpretar, organizar e representar conhecimento pessoal. Para isso, é fundamental disporem de um conjunto de ferramentas intelectuais que os auxiliem na construção do conhecimento.
Surge, então, uma parceria intelectual e um envolvimento cognitivo dos alunos com o computador, na medida em que os auxiliar naquela construção.
O ensino assistido por computador (EAC) assenta na aprendizagem, a partir dos computadores, que são programados para ensinar o aluno e guiar actividades para a obtenção de competências ou conhecimentos.
As modalidades mais conhecidas de EAC, nas décadas de 70 e 80 foram as de repetição e treino, baseadas no princípio behaviorista de reforço das associações estímulo-resposta, (recompensas gráficas) defendido pela argumentação que os alunos deveriam desenvolver subcompetências de automatismo. Ora, esta aprendizagem mecânica não era, concerteza, a forma mais eficaz de utilizar as tecnologias informáticas.
O software do tutorial surgiu com a revolução cognitiva da psicologia da aprendizagem da década de 70. Consistia numa informação em texto ou em gráficos, seguida de uma pergunta ao aluno para avaliar a sua compreensão, as respostas correctas eram recompensadas, as incorrectas eram reconduzidas para recuperação. Havia uma sequência de ciclos de apresentação-resposta-feedback. Forneciam também estratégias de orientação e mais modernamente, adaptavam-se ao nível de aprendizagem do aluno. No entanto, este software apresentou, também, algumas fragilidades: como todas as respostas dos alunos e as instruções tinham que ser antecipadas e programadas, colocava o problema da impossibilidade de antecipar a forma como cada aluno interpreta o que lhe é ensinado; para além disso, o conhecimento era inerte, por que não o aplicavam.
Os Sistemas Tutoriais Inteligentes (STI) foram desenvolvidos na década de 80 e 90 pelos investigadores em inteligência artificial para ensinar a resolução de problemas e o conhecimento procedimental em vários domínios. Os STI trazem de inovação, a inteligência sob a forma de modelos de alunos (o modo como o aluno actua na resolução de um problema), modelos de especialistas (descrevem o pensamento destes na resolução de um problema) e modelos tutoriais. Mesmo nestes sistemas, subsistem problemas nos procedimentos especialista/aluno. Existem poucos tutores inteligentes e estes situam-se nas universidades. Os STI parecem mecanismos de instrução poderosos mas que beneficiam, sobretudo, os profissionais que os desenvolvem; havendo uma troca, em vez de ser o computador a similar a inteligência humana, temos os humanos a simular a inteligência única do computador e a usá-la como fazendo parte do seu conhecimento (Salomon, 1988). Questiona-se, então, se deveremos deixar aos alunos a responsabilidade da definição dos seus próprios objectivos, delinear as suas estratégias e controlar a sua própria aprendizagem.
Os microprocessadores e os educadores começam a proliferar na década de 80. A questão centrava-se no modo como poderiam ser utilizados. Infelizmente, concluiu-se que bastava a aprendizagem sobre os computadores, nomeadamente, as componentes físicas e em linguagem BASIC. Surgiram autores como Luehrmann que defendiam a ideia que a literacia é a capacidade de fazer algo produtivo com o computador e não apenas memorizar as suas partes, senão restaria a literacia informática como memorização mecânica.
A literacia informática foi perdendo a importância, entre outras razões, porque a maioria das aplicações ou competências com que os alunos trabalhavam não apoiava os objectivos pedagógicos das escolas.
Mais recentemente, defende-se que o papel tradicional da tecnologia como professor deve ser substituído pela parceria que a tecnologia deve ter no sistema educativo. Os alunos aprendem com as tecnologias quando os computadores apoiam, nomeadamente, a construção do conhecimento (representação de ideias, percepções e convicções dos próprios alunos); a exploração (acesso informação, comparação perspectivas e visões do mundo); a aprendizagem pela prática (simulação de problemas), a conversação (colaboração com os outros, discussão e defesa de ideias); e a reflexão (articulação e representação do que os alunos fazem, reflectir sobre o que aprenderam, …)
Segundo o autor, as ferramentas cognitivas são ferramentas informáticas adaptadas ou desenvolvidas para funcionarem como parceiros intelectuais do aluno, estimulando e facilitando o pensamento crítico e a aprendizagem. Incluem bases de dados, redes semânticas folhas de cálculo, sistemas periciais, ferramentas de modelação de sistemas, micromundos, motores de busca de informação, ferramentas de representação visual, de publicação de multimédia, ambientes de conversação em tempo real e conferência através de computador.
As ferramentas cognitivas por serem dispositivos mentais e informáticos fazem ampliar o pensamento do aluno, ajudando-o a ultrapassar os limites mentais. E, como refere Salomon, servem propósitos culturais, pois ao mesmo tempo obrigam a pensar a matéria com mais empenho. Também, envolvem activamente os alunos na criação do seu próprio conhecimento, reflectindo a compreensão e a concepção da informação em vez de se limitar à reprodução da informação prestada pelo professor. São, por isso, parceiros intelectuais, em que os alunos são responsáveis por reconhecer e julgar padrões de conhecimento, em seguida organizando-os; enquanto que, o computador efectua cálculos, armazena e recupera informação.
Por último, as ferramentas cognitivas representam uma abordagem construtivista da utilização de qualquer tecnologia, que estimula os alunos a reflectir, a manipular e a representar o que sabem, em vez de reproduzir o que lhes dizem. São, assim, ferramentas para implicar a cognição. Daí tratar-se de um conceito.
Utilizam-se as ferramentas cognitivas porque promovem a aprendizagem significativa, esta é activa, construtiva, intencional, autêntica e cooperativa.

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